Improbidade administrativa e retroatividade benéfica. anotações críticas sobre o ARE 843989

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21056/aec.v24i96.1916

Palavras-chave:

improbidade administrativa; Supremo Tribunal Federal; retroatividade benéfica; culpa; prescrição.

Resumo

Um dos recentes significativos impactos no sistema jurídico brasileiro ocorreu com a promulgação da Lei nº 14.230/2021, a qual promoveu, numa grande extensão, alterações na Lei nº 8.429/92, que disciplina a responsabilização dos agentes públicos por improbidade administrativa. Diante de tais mudanças, o Supremo Tribunal Federal em precedente vinculativo (ARE 843989) apreciou a incidência da retroatividade benéfica no que concerne à exclusão da culpa em sentido estrito como elemento subjetivo para a caracterização dos tipos de improbidade administrativa e quanto à nova disciplina da prescrição. Este texto tem o propósito de examinar a fundamentação empregada pela Corte Suprema para resolver a questão, discorrendo sobre a natureza jurídica da improbidade administrativa, sobre o alcance do direito fundamental previsto no art. 5º, XL, da Constituição de 1988, e sobre a aplicação dos princípios do direito penal às sanções administrativas. Isso sem esquecer o exame da segurança jurídica frente à prescrição.   

Biografia do Autor

  • Edilson Pereira Nobre Junior, Universidade Federal de Pernambuco

    Professor Titular da Faculdade de Direito do Recife (Recife-PE, UFPE). Doutor e Mestre em Direito Público pela UFPE. Membro do Instituto Internacional de Derecho Administrativo - IIDA e do Instituto de Direito Administrativo Sancionador – IDASAN. Coordenador do Grupo de Pesquisa – CNPq “Desafios do controle da Administração Pública contemporânea”. 

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Publicado

2024-06-30

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Artigos

Como Citar

PEREIRA NOBRE JUNIOR, Edilson. Improbidade administrativa e retroatividade benéfica. anotações críticas sobre o ARE 843989. A&C - Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, v. 24, n. 96, p. 147–164, 2024. DOI: 10.21056/aec.v24i96.1916. Disponível em: https://revistaaec.com/index.php/revistaaec/article/view/1916. Acesso em: 6 fev. 2025.