Inteligência artificial incorporada à Administração Pública: mitos e desafios teóricos
DOI:
https://doi.org/10.21056/aec.v20i81.1346Keywords:
vontade da Administração Pública, delegação, revisão conceitual, controle do poder, discricionariedade administrativa.Abstract
A disseminação de inteligência artificial através de quase todas as áreas da vida ordinária, mais cedo ou mais tarde vai alcançar à Administração Pública, apoiada por promessas de celeridade, acuidade e outros benefícios no que toca às decisões do Estado Administrativo. Este artigo, construído a partir do método crítico-dialético, oferece um leque de conceitos sobre modelagem de inteligência artificial, e as funções que ela pode desempenhar em organizações públicas. Também mapeia pontos de tensão iniciais que o uso de inteligência artificial pode trazer às organizações públicas, quando adotada sem uma perspectiva crítica. A conclusão é pela necessidade urgente de revisitação de velhos cânons do Direito Administrativo, vez que eles podem não se revelar úteis, no seu conteúdo tradicional, a prevenir abuso de poder em cenário onde inteligência artificial decide, ou quando menos, induz decisões.
References
ADAMS, Guy B. The problem of administrative evil in a culture of technical rationality. Public Integrity. Vol. 13, no. 3 (2011): 275-286.
ALVES, Ieda Maria. Definição terminológica: da teoria à prática. TradTerm, São Paulo, V. 3, p. 125-136, 18 dez 1996.
BRIDLE, James. A nova idade das trevas. A tecnologia e o fim do mundo. Tradução Érico Assis, São Paulo: Todavia, 2019.
COGLIANESE, Cary e LEHR, David. Regulating by robots: administrative decision making in the machine-learning era. The Georgetown Law Journal, Vol. 105, p. 1147-1223.
CORVALÁN, Juan Gustavo. Administración Pública digital e inteligente: transformaciones en la era de la inteligencia artificial. Revista de Direito Econômico e Socioambiental, Curitiba, v. 8, n. 2, p. 26-66, maio/ago. 2017.
CORVALÁN, Juan Gustavo. Digital and Intelligent Public Administration: transformations in the Era of Artificial Intelligence. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 18, n. 71, p. 55-87, jan./mar. 2018. DOI: 10.21056/aec.v18i71.857.
CORVALÁN, Juan Gustavo. El impacto de la inteligencia artificial en el trabajo. Revista de Direito Econômico e Socioambiental, Curitiba, v. 10, n. 1, p. 35-51, jan./abr. 2019.
CORVALÁN, Juan Gustavo. Inteligencia artificial: retos, desafíos y oportunidades – Prometea: la primera inteligencia artificial de Latinoamérica al servicio de la Justicia. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 5, n. 1, p. 295-316, jan./abr. 2018. DOI: 10.5380/rinc.v5i1.55334.
GABARDO, Emerson. Eficiência e legitimidade do Estado. Uma análise das estruturas simbólicas do Direito Político. Barueri, São Paulo: Manole, 2003.
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Tradução Cássio de Arantes Leit. 24ª reimp. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
LEE, Kai-Fu. Inteligência artificial. Como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos. Tradução Marcelo Barbão. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.
LEGG, Shane e HUTTER, Marcus. A collection of definitions of intelligence. Frontiers in Artificial Intelligence and applications, Lausanne, Switzerland, v. 157, p. 17, 2007.
MAGRANI, Eduardo. Entre dados e robôs. Ética e privacidade na era nda hiperconectividade. 2ª ed., Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2019.
MCCARTHY, John; MINSKY, Marvin; ROCHESTER, Nathaniel e SHANNON, Claude. A proposal for the Darthmouth Summer Research Project on artificial intelligence. Disponível em http://jmc.stanford.edu/articles/dartmouth/dartmouth.pdf, acesso em 2 mar 2020.
MIKHAYLOV, Slava Jankin, ESTEVE, Marc, e CAMPION, Averill. Artificial intelligence for the public sector: opportunities and challenges of cross-sector collaboration. Philosophical Transactions of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences, V. 376, n. 2128, p. 20170357, 2018.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. MPRJ recebe a visita do prefeito de Mesquita para discutir compartilhamento de dados. Rio de Janeiro, 19 dez 2019. Disponível em https://www.mprj.mp.br/home/-/detalhe-noticia/visualizar/80702, acesso em 21 mar 2020.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Legitimidade e discricionariedade. Novas reflexões sobre o limite a controle da discricionariedade. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. PGM cria força tarefa para cobrar grandes devedores. Rio de Janeiro, 9 jun 2019. Disponível em http://www.rio.rj.gov.br/web/pgm/exibeconteudo?id=9599627, acesso em 21 mar 2020.
PRISECARU, Petre. Challenges of the fourth industrial revolution. Knowledge Horizons. Economics, Bucharest, v. 8, n. 1, p. 57-62, 2016.
SCHWAB, Klaus. The Fourth Industrial Revolution: what it means, how to respond. World Economic Forum, 14 de janeiro de 2016, disponível em https://professionallearning.education.gov.scot/media/1352/the-fourth-industrial-revolution-what-it-means-and-how-to-respond-world-economic-forum.pdf, acesso em 5 mar 2020.
SABEL, Charles F., e SIMON, William H.. Minimalism and experimentalism in the administrative state. Georgetown Law Journal, Washington, 100 (2011), p. 53-93.
SILVA, Luis André Dutra e. Uso de técnicas de inteligência artificial para subsidiar ações de controle. Revista do TCU, Brasília, setembro/dezembro 2016, p. 124-129.
TENNER, Edward. The efficiency paradox. What big data can’t do. New York: Vintage Books, 2018, p. XX.
UNITED STATES OF AMERICA. Big Data: A Report on Algorithmic Systems, Opportunity, and Civil Rights. Executive Office of the President, May 2016. Disponível em https://obamawhitehouse.archives.gov/sites/default/files/microsites/ostp/2016_0504_data_discrimination.pdf, acesso em 10 mar 2020.
VALENTE, Jonas. Órgãos públicos usam inteligência artificial para combater corrupção. Agência Brasil, publicado em 3/08/2018, disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-08/orgaos-publicos-usam-inteligencia-artificial-para-combater-corrupcao, acesso em 1/03/2020.
VALLE, Vanice Regina Lírio do. Politicas públicas, direitos fundamentais e controle judicial. 2ª ed., Prefácio: Marcos Juruena Villela Souto. Belo Horizonte: Editora Forum, 2016.
YSERN, Enrique Rivero e RODRÍGUEZ-ARAÑA, Jaime. O Direito Administrativo da dignidade humana e do interesse geral. Fundamentos e princípios. Tradução Marly N. Peres, São Paulo: Imprensa Oficial, 2018.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this Journal agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the A&C - Administrative & Constitutional Law Review the right of first publication with the article simultaneously licensed under the Creative Commons - Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International which allows sharing the work with recognition of the authors and its initial publication in this Journal.
- Authors are able to take on additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the paper published in this Journal (eg.: publishing in institutional repository or as a book), with a recognition of its initial publication in this Journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish their work online (eg.: in institutional repositories or on their personal website) at any point before or during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of the published work (see theEffect of Open Access).