Aborto e Congresso Nacional: uma análise crítica do cenário legislativo
DOI:
https://doi.org/10.21056/aec.v17i67.481Keywords:
Congresso Nacional, aborto, projetos de lei, políticas públicas, criminalização.Abstract
Usualmente, quando a questão do aborto é suscitada em qualquer debate, a sua criminalização (ou não) torna-se ponto principal da discussão. Entretanto, há questões que vão além do aspecto criminal, tais como o planejamento familiar e políticas públicas de intervenção, informação e prevenção ao aborto. De forma a entender como este tema é abordado pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal, realizou-se uma análise empírica dos projetos de leisobre aborto. Após a análise e sistematização dos dados, pode-se constatar que o Congresso Nacional possui algumas orientações importantes sobre o aborto: (i) é uma questão com discussão recente; (ii) o foco principal do debate é o aspecto criminal do aborto (legalização ou criminalização); (iii) os projetos transitam e são deliberados essencialmente nas Comissões e não em Plenário; e (iv) há uma tendência em manter o status quo atual do aborto e somente vinte e cinto (25) projetos de lei, de um total de cento e vinte e nove (129), tratam de políticas públicas específicas para as mulheres. Constatou-se que somente um projeto foi transformado em Lei Ordinária e, mesmo assim, pretendendo retirar uma expressão específica do artigo 20 da Lei de Contravenções Penais.References
ALVES, Branca Moreira. Ideologia & feminismo: a luta da mulher pelo voto no Brasil. Petrópolis: Vozes. 1980
AMARAL JUNIOR, J. L. M; ALMEIDA, F. D. M.; LEAL, R. S; HORBACH, C. B. DireitoConstitucional, Estado de Direito e Democracia. São Paulo: Quartier Latin, 2011.
BARBOZA, Estefânea Maria de Queiroz; KOZICKI, Katya. Judicialização da política e controle judicial de políticas públicas. Revista Direito GV. São Paulo, jan-jun 2012.
BARROSO, Luis Roberto Barroso. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. Revista [Syn]Thesis. Rio de Janeiro. Vol. 5. nº 1. 2012.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BERMAN, José Guilherme; MOURA, Francisco; SILVA, Cecília de Almeida; TAVARES, Rodrigo; VALLE, Vanice Regina Lírio do; VIEIRA, José Ribas, Diálogos institucionais e ativismo.Curitiba: Juruá, 2010.
BRANDÃO, Rodrigo. Supremacia Judicial Versus Diálogos Constitucionais. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2012.
BUCCI, Maria Paula Dallari (Org). Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero - feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CAMPOS, Carlos Alexandre De Azevedo. Dimensões do Ativismo Judicial do STF. Rio de Janeiro: Forense. 2014.
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Diálogos Constitucionais Direito, Neoliberalismo e Desenvolvimento em Países Periféricos. Renovar. 2006.
CUNHA, Christina Vital da. Religião e política: uma análise da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll, 2012.
DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: uma mulher à frente do seu tempo. Brasília: Fundação Banco do Brasil, Redeh e Mercado Cultural, 2006.
ELY, John Hart. Democracia e desconfiança. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
EMMERICK, Rullan. Aborto – (Des)Criminalização, Direitos Humanos, Democracia. Rio deJaneiro: Lumen Juris.
FERRAJOLI, Luigi. A democracia através dos direitos. São Paulo: RT, 2015.
FIGUEIREDO, Argelina Cheibub. Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. A vontade do saber. 13a. Ed. Rio de Janeiro: EdiçõesGraal, 1988.
GARGARELLA, Roberto. ´We the People´ outside of the Constitucion. The dialogic model of constitucionalism and the system of checks and balacnes. Current Legal Problems. 2014, p. 1-47. Disponível em: http://clp.oxfordjournals.org/content/early/2014/08/05/clp.cuu008.full.pdf+html. Acessadoem 24/05/2015.
________________; GLOPPEN, Siri; SKAAR, Elin. Democratization and the Judiciary: The Accountability Function of Courts in New Democracies. London: Frank Cass Publishers. 2004.
GIFFIN, Karen. Violência de gênero, sexualidade e saúde. Cad. SaúdePública. Rio de Janeiro, 10 (supplement 1): 146-155, 1994
GOLDBERG. Anette. Feminismo e autoritarismo: a metamorphose de uma utopia de libertaçãoemideologialiberalizante. Dissertação. (MestradoemCiênciasSociais). Rio de Janeiro, UFRJ, IFCS, 1987.
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democraica: entre a facticidade e validade. Vol 1 e Vol. 2. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010.
_________________. Três modelos de democracia. In: A inclusão do outro – estudosde teoria política. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
_________________. Estado Democrático de Direito – Uma amarração paradoxal de princípios contraditórios? In: Era das transições. Trad. Flávio BenoSiebeneicheler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.
_________________. Consciência moral e agir comunicativo. 2 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.
_________________. Agir comunicativo e razão destrascendentalizada. Trad. Lucia Aragão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2012.
_________________.The new consevatism. Massachusetts: The MIT Press. 1991.
HALL, Stuart. A identidade cultural napós-modernidade. Porto Alegre: DP&A, 2003.
HEILBORN, Maria Luiza. Gênero e condição feminina: uma abordagem antropológica. In: Mulher e políticas públicas. Editora da UERJ, 1997, p. 101-110.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação– umaperspectivapós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
MEAD, Margaret. Sexo e temperamento. São Paulo: Perspectiva, 1988.
PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual. Práticas subversivas de identidade sexual. Trad. Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: N1 Edições, 2014.
RAWLS, John. Justiça e Democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
SAEIGH, Sebastian M. The role of Legislatures in the policymaking process. s.d. University of Pittsburgh. 2005.
SARMENTO, Daniel; PIOVESAN, Flávia. Coord. Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2007.
SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análises, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
STRECK, Lenio Luiz. Ciência política e teoria do estado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.
_________________ Jurisdição constitucional e hermenêutica: uma nova critica do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Vol. 16, n. 2, jul/dez. 1990, p. 5-22.
SOUZA NETO, Cláudio Pereira de. Teoria da Constituição e democracia deliberativa. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na América. Livro 1 e 2. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this Journal agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the A&C - Administrative & Constitutional Law Review the right of first publication with the article simultaneously licensed under the Creative Commons - Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International which allows sharing the work with recognition of the authors and its initial publication in this Journal.
- Authors are able to take on additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the paper published in this Journal (eg.: publishing in institutional repository or as a book), with a recognition of its initial publication in this Journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish their work online (eg.: in institutional repositories or on their personal website) at any point before or during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of the published work (see theEffect of Open Access).