Jurisdição constitucional brasileira: entre protagonismo judicial e atuação dialógica
DOI:
https://doi.org/10.21056/aec.v25i101.2076Palabras clave:
Jurisdição constitucional; Supremo Tribunal Federal; protagonismo judicial; revisão judicial dialógica; separação de poderes.Resumen
O artigo investiga como a jurisdição constitucional brasileira, especialmente no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), tem oscilado entre protagonismo/supremacia judicial e atuações de caráter dialógico. O problema de pesquisa é verificar se, nas decisões relativas à proteção de grupos vulneráveis, o STF adota predominantemente uma postura supremacista (última palavra) ou aberta ao diálogo institucional. O método é dedutivo, com pesquisa bibliográfica e análise de casos referidos no texto. Conclui-se que, embora o STF registre referências expressas ao diálogo e, em alguns julgados, assinale o caráter provisório de suas decisões ou a necessidade de atuação legislativa subsequente, não se observa a consolidação prática de um modelo dialógico; persiste um padrão de protagonismo/supremacia judicial. As teorias dialógicas permanecem mais presentes no plano argumentativo do que na rotina decisória, ainda que se mostrem promissoras para compatibilizar separação de Poderes e efetividade de direitos fundamentais.
Referencias
ACKERMANN, Bruce. Adeus, Montesquieu. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 265, p. 13-23, jan./abr. 2014.
BALLE, José Maria Lafuente. La judicialización de la interpretación constitucional. Madrid: Constitución y Leyes, 2000.
BATEUP, Christine Annabelle. The Dialogic Promise: Assessing the Normative Potential of Theories of Constitutional Dialogue. New York University Public Law and Legal Theory Working Papers, v. 11, p. 1-88, 2005.
BICKEL, Alexander. Foreword: The Passive Virtues. Harvard Law Review, Harvard, v. 75, p. 1961-1962, 1961.
BITENCOURT. Caroline Müller. Controle Jurisdicional de Políticas Públicas. Porto Alegre: Nuria Fabris, 2013.
BRANDÃO, Rodrigo. Supremacia judicial versus diálogos constitucionais: a quem cabe a última palavra sobre o sentido da Constituição? Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4.277. Rel. Ministro Ayres Britto. Julgada em 05 mar. 2011. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 15 fev. 2025.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus n.º 124.306. Rel. Ministro Marco Aurélio. Julgada em 09 ago. 2016. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 15 fev. 2025.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 580.963. Rel. Ministro Gilmar Mendes. Julgada em 18 abr. 2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 15 fev. 2025.
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 635659. Rel. Ministro Gilmar Mendes. Julgado em 26 jun. 2024. Acesso em: 04 mar. 2025.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CARVALHAES, Rafael Bitencourt; MIRANDA NETTO, Fernando Gama de. Questioning our faith in the judiciary: from institutional entrenchment to the monopoly of constitution. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 9, n. 2, p. 347-370, maio/ago. 2022.
CLÈVE, C. M.; LORENSETTO, B. M. Diálogos institucionais: estrutura e legitimidade. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 2., n. 3, p. 183-206, set./dez. 2015.
COSTA, Alexandre Araújo. Judiciário e interpretação: entre Direito e Política. Fortaleza: Pensar, 2013.
DIXON, Rosalind. Para fomentar el diálogo sobre los derechos socieconómicos: una nueva mirada acerca de las diferencias entre revisiones judiciales fuertes y débiles. In: GARGARELLA, Roberto (Org.). Por una justicia dialógica: el poder judicial como promotor de la deliberación democrática. 1. ed. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2014.
DUARTE, F. et al. Ainda há supremacia do Judiciário? In: DUARTE, F.; VIEIRA, J. R. (Org.). Teoria da Mudança Constitucional: sua trajetória nos Estados Unidos e na Europa. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
ESCARCENA, Sebastián López. Un derecho jurisprudencial. La propiedad colectiva y la Corte Interamericana. Revista de Derecho, Universidad Católica del Norte, n. 1, Antofagasta, 2017, p. 133-189.
ESTAY, José Ignacio Martinez. Auto Restricción, Deferencia y Margen de Apreciación. Breve análisis de sus orígenes y de su desarrollo. Estudios Constitucionales: Revista del Centro de Estudios Constitucionales, Talca, n. 1, p. 365-396. 2014.
FERRAJOLI, Luigi. La esfera de lo indecidible y la división de poderes. Estudios Constitucionales: Revista del Centro de Estudios Constitucionales, Talca, n. 1, p. 337-343. 2008.
FREITAS, Daniel Castanha de; UESSLER, Danielle. A teoria do constitucionalismo democrático para a legitimação do fluxo dialógico no Brasil. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 24, n. 98, p. 161-185, out./dez. 2024.
FRIEDMAN, Barry. Dialogue and judicial review. The Michigan Law Review Association, Michigan, v. 91, p. 577-682, 1993.
GÓMEZ BISOGNO, Francisco Vázquez. El control de reformas constitucionales y el sistema de «checks and balances»: Una propuesta a la luz de la ingeniería constitucional en la que la magistratura constitucional se legitime al no tener la última palabra. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 9, n. 3, p. 543-577, set./dez. 2022.
GÓMEZ-VELÁSQUEZ, Alejandro. La colaboración armónica entre poderes: un principio inherente y necesario para el constitucionalismo transformador latinoamericano. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 10, n. 2, e238, maio/ago. 2023.
GRIMM, Dieter. Constitucionalismo y derechos fundamentales. Madrid: Trotta, 2006.
HÄBERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional: a sociedade aberta dos interpretes de Constituição: contribuição para a interpretação pluralista e “procedimental” da Constituição. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1997.
HACHEM, Daniel Wunder. Derechos fundamentales económicos y sociales y la responsabilidad del Estado por omisión. Estudios Constitucionales: Revista del Centro de Estudios Constitucionales, n. 1, p. 285-328. 2014.
HACHEM, Daniel Wunder; PETHECHUST, Eloi. A superação das decisões do STF pelo Congresso Nacional via emendas constitucionais: diálogo forçado ou monólogos sobrepostos? Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 8, n. 1, p. 209-236, jan./abr. 2021.
HACHEM, Daniel Wunder; PETHECHUST, Eloi. Supremacia judicial no constitucionalismo brasileiro: riscos à democracia e as alternativas das teorias dos diálogos constitucionais. Revista Brasileira de Estudos Políticos, v. 121, p. 203-250, jul./dez. 2020.
HESSE, Konrad. Significado de los derechos fundamentales. In: BENDA, E. et al. Manual de derecho constitucional. Madrid: Marcial Pons, 1996.
HIRSCHL, Ran. Towards juristocracy. The origins and consequences of the New Constitutionalism. Cambridge: Harvard University Press, 2004.
JESUS, Thiago Vasconcellos; SILVA, Sandoval Alves da; LEAL, Pastora do Socorro Teixeira. Responsabilidade pública ou diálogo deliberativo: a cooperação como proteção do acesso à justiça, do contraditório e dos direitos fundamentais na solução dos conflitos. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 22, n. 89, p. 191-216, jul./set. 2022.
KLATT, Matthias. Direitos a prestações positivas: quem deve decidir? Controle judicial ponderado. In: ALEXY, R.; BAEZ, N. L. X.; SILVA, R. L. N. da (Org.). Dignidade humana, direitos sociais e não-positivismo inclusivo. Florianópolis, 2015. p. 215–266.
LEAL, Mônia Clarissa Hennig. A Constituição como princípio: os Limites da Jurisdição Constitucional Brasileira. São Paulo: Manole, 2003.
LEAL, Mônia Clarissa Hennig. La jurisdicción constitucional entre judicialización y activismo judicial: existe realmente “un” o “el” activismo? In: Estudios Constitucionales, año 10, n. 2, 2012, p. 429-454.
LEAL, Mônia Clarissa Hennig. Jurisdição Constitucional Aberta. Reflexões sobre a Legitimidade e os Limites da Jurisdição Constitucional na Ordem Democrática. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
LEAL, M. C. H.; MAAS, R. H. O Amicus Curiae e o Supremo Tribunal Federal: fundamentos teóricos e análise crítica. Curitiba: Multideia, 2014.
LEAL, Rogério Gesta. Riscos e possibilidades do ativismo judicial na democracia. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 21, n. 83, p. 119-135, jan./mar. 2021.
LIMA, Sabrina Santos; LEAL, Mônia Clarissa Hennig. O controle de constitucionalidade e a atuação do Supremo Tribunal Federal na proteção das minorias: análise crítica da ADC nº 41 (cotas raciais em concursos públicos). Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 8, n. 2, p. 507-528, maio/ago. 2021.
MARTÍN GUARDADO, Sergio. La última crisis de legitimidad de la jurisdicción constitucional en España. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 11, n. 1, e255, jan./abr. 2024.
MAUS, Ingeborg. Judiciário como superego da sociedade: o papel da atividade jurisprudencial na "sociedade órfã". Novos Estudos - CEBRAP, São Paulo, n. 58, p. 193-202, nov. 2000.
MENDES, Conrado Hübner. Direitos fundamentais, separação de poderes e deliberação. São Paulo, 2008. 219 f. Tese: Doutorado em Ciência Política. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
MENDES, Conrado Hübner. Una división de poderes deliberativa: entre el diálogo y la última palabra. In: GARGARELLA, Roberto (Org.). Por una justicia dialógica: el poder judicial como promotor de la deliberación democrática. 1. ed. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2014.
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade: Estudos de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
MICHELMAN, Frank Isaac. A Constituição, os direitos sociais e a justificativa política liberal. In: SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Jurisdição e Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 131-155.
MONTESQUIEU, Charles de Secondat Baron de. Do espírito das leis. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martin Claret, 2010.
MÜLLER, Fredrich. Quem é o povo?. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
NINO, Carlos Santiago. La constitución de la democracia deliberativa. Barcelona: Gedisa, 1997.
NOGUEIRA ALCALÁ, Humberto. El uso de las comunicaciones transjudiciales por parte de las jurisdicciones constitucionales en el derecho comparado y chileno. In: NOGUEIRA ALCALÁ, H. N.; GALDAMEZ ZELADA, L. Jurisprudencia del Tribunal Constitucional ante los derechos humanos y el derecho constitucional extranjero. Santiago: Librotecnia, 2014. p. 509-570.
NOGUEIRA ALCALÁ, Humberto. Teoria de los derechos fundamentales y los derechos humanos. Montevideo: Ingranusi, 2000.
NOVAIS, Jorge Reis. Direitos fundamentais: trunfos contra a maioria. Lisboa: Coimbra, 2006.
PAIXÃO, Shayane do Socorro de Almeida da; SILVA, Sandoval Alves da; COSTA, Rosalina Moitta Pinto da. A superação dos precedentes na teoria dos diálogos institucionais: análise do caso da Vaquejada. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 8, n. 1, p. 275-301, jan./abr. 2021.
SILVA, Marco Aurélio Souza da. Ativismo, populismo e judicialização da política: a difícil tarefa de compreender o comportamento decisório judicial. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 23, n. 93, p. 101-131, jul./set. 2023.
SILVA-ARROYAVE, Sergio Orlando. El equilibrio de poderes en Colombia: entre la incorrecta comprensión teórica y la inadecuada formulación constitucional. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 11, n. 2, e261, maio/ago. 2024.
STERN, Klaus. Jurisdicción constitucional y legislador. Madrid: Dykinson, 2009.
SWEET, Alec Stone. Governing with judges. New York: Oxford University Press, 2010. Chapter 7, p. 194-204.
TAVARES, A. R.; BUCK, P. Direitos Fundamentais e democracia: complementariedade/contrariedade. In: CLÈVE, C. M.; SARLET, I. W.; PAGLIARINI, A. C. (Org.). Direitos Humanos e Democracia. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 169-186.
TUSHNET, M. Revisión judicial dialógica. In: GARGARELLA, R. Por una justicia dialógica: El Poder Judicial como promotor de la deliberación democrática. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2014.
VARGAS, Eliziane Fardin de; LEAL, Mônia Clarissa Hennig. Discriminação estrutural e cotas raciais para candidaturas negras em partidos políticos: análise da decisão do Supremo Tribunal Federal na arguição de descumprimento de preceito fundamental 738/DF. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 10, n. 1, e240, jan./abr. 2023.
VENZKE, Ingo. The Rol of International Courts as Interpreters and Developers of the Law: Working Out the Jurisgenerative Practice of Interpretation. Loyola of Los Angeles International and Comparative Law Review, Vol 34:99, p. 99-131, 2011.
ZAGREBELSKY, Gustavo. Historia y constitución. Madrid: Trotta, 2005.
ZAGREBELSKY, Gustavo. La ley y su justicia. Madrid: Trotta, 2014.
ZAVASCKI, Teori Albino. Eficácia das sentenças na jurisdição constitucional. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Maria Valentina de Moraes, Mônia Clarissa Hennig Leal

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Autores que publican en esta revista están de acuerdo con los siguientes términos:
- Autores mantienen los derechos autorales y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons - Atribución-NoComercial-SinDerivar 4.0 Internacional que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen autorización para asumir contratos adicionales separadamente, para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (ej.: publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen permiso y son estimulados a publicar y difundir su trabajo online (ej.: en repositorios institucionales o en su página personal) a cualquier punto antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar alteraciones productivas, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Véase El Efecto del Acceso Libre).









