Administração pública, cultura e poder simbólico: diálogos com Pierre Bourdieu e o caso da Lei Paulo Gustavo julgado pelo STF

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21056/aec.v25i99.1963

Palavras-chave:

campo administrativo; cultura; Lei Paulo Gustavo; dominação; violência simbólica.

Resumo

O artigo investiga o tema da cultura e o funcionamento do Campo Administrativo do Estado, a partir do Caso da Lei Paulo Gustavo, julgado pelo Supremo Tribunal Federal. A discussão reside no entendimento adotado sobre a inconstitucionalidade de Medida Provisória editada pelo Governo no ano de 2022, modificando a política pública federal de auxílio ao setor cultural, em virtude dos efeitos da pandemia de COVID-19. A pesquisa ainda é relevante por possibilitar reflexões sobre a centralidade da cultura no Estado Democrático de Direito e as dinâmicas de funcionamento do Campo de Poder do Estado. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, com estudo de caso. Após a descrição do julgamento realizado pelo STF, são explicitadas as bases teóricas sobre cultura, articulando tais saberes com a sociologia de Pierre Bourdieu. O resultado da investigação é possibilitar a melhor reflexão sobre os processos de dominação e violência simbólica cultural, além da necessidade de compreender a cultura como condição de possibilidade de significar o mundo social.

Biografia do Autor

  • Leonel Pires Ohlweiler, Universidade Lasalle

    Professor da Universidade Lasalle (Canoas, RS, Brasil). Pós-Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos, São Leopoldo, Brasil). Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS).

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Publicado

2025-04-02

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Como Citar

PIRES OHLWEILER, Leonel. Administração pública, cultura e poder simbólico: diálogos com Pierre Bourdieu e o caso da Lei Paulo Gustavo julgado pelo STF. A&C - Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, v. 25, n. 99, p. 165–195, 2025. DOI: 10.21056/aec.v25i99.1963. Disponível em: https://revistaaec.com/index.php/revistaaec/article/view/1963. Acesso em: 25 jun. 2025.