O marco temporal das inelegibilidades decorrentes de sentença penal condenatória e as instabilidades institucionais interpretativas da ADI nº 6630/20

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21056/aec.v24i95.1767

Palavras-chave:

Inelegibilidades, Direito Eleitoral, neoinstitucionalismo, instabilidade institucional, ADI nº 6630/20.

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar o julgamento da ADI nº 6630/20 como um fator na mudança do desenho institucional vigente do início da contagem do prazo das inelegibilidades no Brasil. Para tanto, são analisados alguns fatores endógenos e exógenos que influenciaram na votação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e consequentemente no computo das inelegibilidades. Esse trabalho utiliza como parâmetro o referencial teórico neoinstitucional, que possibilita o entendimento dos fatores que ensejam as instabilidades institucionais advindas da indeterminação do início da contagem do prazo das inelegibilidades.  

Biografia do Autor

  • Flavianne Fernanda Bitencourt Nóbrega, Universidade Federal de Pernambuco

    Professora Adjunta da Faculdade de Direito do Recife - Universidade Federal de Pernambuco (Recife-PE, Brasil). Doutora e Mestra em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (Recife-PE, Brasil). Mestra em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (Recife-PE, Brasil). Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (Recife-PE, Brasil). Realizou sua pesquisa pós-doutoral em 2020, aprovada com bolsa da Max Planck Society, no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales Privatrecht - Hamburg, Alemanha. Atualmente é líder do Laboratório de Pesquisa em Desenhos Institucionais, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal de Pernambuco (Recife-PE, Brasil).

  • Aída Carolina Silvestre Teixeira, Universidade Federal de Pernambuco
    Mestranda em Direito na Universidade Federal de Pernambuco (Recife-PE, Brasil). Membro do programa de pesquisa e extensão Acesso ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Graduada em Direito pela Autarquia do Ensino Superior de Garanhuns (2012). Tem pós-graduação lato sensu em Direito Penal e Processual Penal pela Autarquia do Ensino Superior de Garanhuns (2014). 

Referências

BASTOS JÚNIOR, Luiz Magno Pinto; MIOTO DOS SANTOS, Rodrigo. Levando a sério os direitos políticos fundamentais: inelegibilidade e controle de convencionalidade. Revista DIREITO GV 21, v.21, n.21, p. 223-256, jan/jun 2015. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/1808-2432201510. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/revdireitogv/article/view/56807/55344.pdf.

BORN, Rogério Carlos Born. A desproporcionalidade das restrições aos direitos políticos fundamentais decorrentes de condenação criminal. Revista Humanidades e Inovação, v.7, n.20, 2020, p.521.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988., Presidência da República Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília – DF, 5 out. 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 de Ago.de 2021.

BRASIL. Decreto nº678/92.Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. Presidência da República Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília – DF. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d0678.htm>. Acesso em: 14 de Ago.de 2021.

BRASIL. Lei Complementar nº64/1990. Estabelece, de acordo com o art. 14, § 9º da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras providências. Presidência da República Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília – DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp64.htm>. Acesso em: 18 de Ago.de 2021.

BRASIL. Ministério Público Federal. Câmara de Coordenação e Revisão, 6. Manual de jurisprudência dos direitos indígenas. Brasília: Ed.6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 6630/2020, Brasília, 2020. Disponível em: <https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6072681 >. Acesso em: 23 dez.2021.

BRINKS, Daniel M.; LEVITSKY, Steven; MURILLO, Maria Victoria. Understanding Institutional Weakness: Power and Design in Latin American Institutions (Elements in Politics and Society in Latin America). New York: Cambridge University Press, 2019.

BRINKS, Daniel. The Rule of Non (Law): Prosecuting Police Killings in Brazil and Argentina. In: HELMKE, Gretchen and LEVITSKY. Informal institutions and Democracy. Lessons from Latin America. John Hopkins, Baltimore, University Press, 2006, p. 201-226.

CARVALHO, Volgaine Oliveira. Manual das inelegibilidades: com comentários à Lei das Inelegibilidades e jurisprudência atualizada do TSE e STF. Curtiba: Ed.Juruá, 2020.

CASTRO C.; NÓBREGA F.; FIGUEIREDO J; el all. Participação e Efetividade do Direito na Sociedade Contemporânea. O desenho institucional do fórum de monitoramento e o cumprimento das medidas protetivas da corte interamericana no complexo do curado. In: MESACAZA, Douglas Santos. Participação e efetividade do direito na sociedade contemporânea 2. Ponta Grossa- Paraná: Ed.Atena, 2020.p 125-143.

CONJUR.Supremo e TSE fazem parceria para combater desinformação sobre o Judiciário. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2022-mai-19/supremo-tse-fazem-parceria-combater-desinformacao2 . Acesso em 20 de julho de 2022.

DECOMAIN, Pedro Roberto. Inelegibilidade por condenação criminal. Paraná Eleitoral, Curitiba, v.2, n.2, p. 191-214, jul.2013.

ELKINS, Zachary; GINSBURG,Tom e MELTON ,James.The Endurance of National Constitutions. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

FERNANDES NETO, Guilherme. Ensaio sobre a inelegibilidade. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v.47, n.185, p. 27-40, jan./mar. 2010.

FERREIRA, Nivaldo Adão. Instituições informais, consolidação e mudanças institucionais: estado da arte e agenda de pesquisa para o parlamento brasileiro. In: VIII CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIA POLÍTICA,6,2015, Peru. Pontifícia Universidade Católica do Peru, Lima, 2015.p. 1-23. Disponível em: https://alacip.org/cong15/ipc-ferreira28c.pdf.Acesso em: 27 set.2021.

FOLHA UOL. Fux diz repudiar em nome do STF ataques de Bolsonaro às urnas; veja reações. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/fux-diz-repudiar-em-nome-do-stf-ataques-de-bolsonaro-ao-sistema-eleitoral.shtml. Acesso em 20 de julho de 2022.

HELMKE, Gretchen and LEVITSKY.Informal institutions and Democracy.Lessons from Latin America. John Hopkins, Baltimore, University Press, 2006, p. 201-226.

HELMKE, Gretchen; LEVITSKY, Steven. Informal Institutions and Comparative Politics: A Research Agenda.Perspectives on Politics, American Political Science Association, Cambridge University Press, Cambridge, v. 2, n.4, p. 725-40, dec. 2004.

HELMKE, Gretchen; LEVITSKY, Steven. Informal Institutions and Democracy: Lessons from Latin America. Baltimore: John Hopkins University Press, 2006.

LOTTA, Gabriela; FAVARETO, Arilson. Desafios da integração nos novos arranjos institucionais de políticas públicas no Brasil. Revista de Sociologia e Política, v. 24, n. 57, p. 49-65, mar. 2016.

MEDEIROS, Marcillo Nunes. Legislação eleitoral comentada e anotada. Salvador: Ed.JusPodivm, 2017.

NÓBREGA, Flavianne Fernanda Bitencourt e TEIXEIRA, Aída Carolina Silvestre. Compreendendo a fragilidade institucional: o poder e o desenho institucional nas instituições Latino-Americanas. Revista Estudos Institucionais (REI), v91, p.95–109, 2023.

NÓBREGA, Flavianne Fernanda Bitencourt. Entre o Brasil Formal e o Brasil Real. Ministério Público, Arranjos Institucionais Informais e Jogos Ocultos Entre os Poderes. João Pessoa: Ed.Ideia, 2013.

NÓBREGA, Flavianne Fernanda Bitencourt. Teoria Política e do Estado. Recife: Ed.UFPE, 2018.

NÓBREGA, Flavianne; GALINDO, Bruno; da SILVA, Laura; RODRIGUES, Ana Laura. O (re)desenho institucional do pacto federativo diante da covid-19: arranjos institucionais no contexto da MP 926/2020. Revista Direito Público, Brasília, v. 17, n. 96, p. 65-92, nov./dez. 2020.

NORTH, Douglass C.; DROBAK, John. Understanding Judicial Decision-Making: The Importance of Constraints on Non-Rational Deliberations, 2008. Washington University Journal of law & policy, v.26, n.131, p. 131-152. Disponível em: https://openscholarship.wustl.edu/law_journal_law_policy/vol26/iss1/7/ .

NORTH, Douglass. Institutions, Institutional Change and Economic performance. New York: Ed.Cambridge University Press, 2006.

PAIVA, Caio. HEEMMAN, Thimotie Aragon. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. 3ª ed., Belo Horizonte, CEI, 2020.

PERES, Paulo Sérgio. COMPORTAMENTO OU INSTITUIÇÕES? A evolução histórica do neo-institucionalismo da ciência política, Revista Brasileira de Ciências Sociais RBCS, vol 23, nº68, Out 2008, https://doi.org/10.1590/S0102-69092008000300005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/XjdpGqs7MqJkhVKh3nPyrgb/?lang=pt. Acesso em 01 de set. 2022.

políticos fundamentais decorrentes de condenação criminal. Revista Humanidades e Inovação, v.7, n.20, 2020.

PORTAL G1. Insatisfeitos com o ministro da Defesa, militares da ativa dizem ao STF que não endossam ataques às urnas. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/blog/valdo-cruz/post/2022/07/20/insatisfeitos-com-o-ministro-da-defesa-militares-da-ativa-dizem-ao-stf-que-apoiam-as-urnas-eletronicas.ghtml. Acesso em 20 de julho de 2022.

RI, Luciene Dal e POSSAMAI, Milene Guadanhim Chamma. A presunção de inocência versus o interesse público: a problemática da inelegibilidade gerada por condenação criminal não transitada em julgado. Revista Brasileira de Direito, Vale do Itajaí,v. 11, n.2, p. 18-31, 2015. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5379215. Acesso em: 02, jan.2024

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Ed.Malheiros, 2017.

SOUSA FILHO, Ademar Borges de. O aproveitamento de votos conferidos a candidatos inelegíveis no sistema proporcional: uma proposta de interpretação conforme a Constituição do parágrafo único do art. 16-a da Lei nº. 9.504/97. Revista Opinião Jurídica, Fortaleza, v. 19, n. 31, p. 196-223, maio/ago. 2021.

STUDART, Paulo Henrique de Mattos; DOS SANTOS, Polianna Pereira. Limitações ao exercício dos direitos políticos passivos: um estudo sobre a hipótese de inelegibilidade decorrente de condenação criminal. Revista da Procuradoria-Geral do Município de Belo Horizonte – RPGMBH, Belo Horizonte, v. 7, n.13, jul./dez. 2015.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.ADI n. 4.578/2012; ADC n. 29/2012; ADC n. 30/2012. Disponívelem:https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2257978; https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2243342; e https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2243411. Acesso em: 20 de setembro de 2022.

VOIGT, Stefan. How (Not) to measure institutions. Journal of Institutional Economics, Cambridge, v. 9, n. 1, p. 1-26, jul. 2012.

VOIGT, Stefan. How to measure informal institutions. Journal of Institutional Economics, Cambridge, v. 14, Ltd 2017, p. 1-22, fev. 2018.

Publicado

2024-03-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

NÓBREGA, Flavianne Fernanda Bitencourt; TEIXEIRA, Aída Carolina Silvestre. O marco temporal das inelegibilidades decorrentes de sentença penal condenatória e as instabilidades institucionais interpretativas da ADI nº 6630/20. A&C - Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, v. 24, n. 95, p. 229–259, 2024. DOI: 10.21056/aec.v24i95.1767. Disponível em: https://revistaaec.com/index.php/revistaaec/article/view/1767.. Acesso em: 29 jun. 2024.